Na era do aquecimento global, em que o planeta corre sérios riscos ambientais, nada mais acertado do que investir no uso de tecnologias sustentáveis, principalmente na construção civil. Criados na Alemanha, os telhados verdes ganharam espaço em toda a Europa a partir da década de 1960 e viraram sinônimo de requinte e bem-estar no topo de cidades como Nova York. Aliando paisagismo à redução das temperaturas internas das edificações, os green roofs – também conhecidos como telhados vivos – podem ajudar a controlar o efeito estufa, melhorar a qualidade do ar por meio da fotossíntese, reduzir o escoamento de águas pluviais para as vias públicas e atenuar efeitos dos bolsões de calor das metrópoles.
Para o arquiteto alemão Jörg Spangenberg, doutorando pela Bauhaus em convênio com a USP (Universidade de São Paulo), o custo- benefício da solução compensa. De acordo com sua pesquisa aplicada no Laboratório de Conforto Ambiental e Eficiência Energética da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP, a utilização em larga escala dos telhados verdes poderia reduzir 1oC ou 2oC a temperatura nas grandes cidades. “O cálculo depende da direção e intensidade do vento, entre outros fatores. Mas essa redução já é suficiente para impactar na qualidade de vida da população e das pessoas que habitam esses ambientes”, afirma.
Segundo Spangenberg, a redução da temperatura da superfície das lajes após a instalação das coberturas diminui cerca de 15°C, o que influencia na sensação de conforto térmico dos ambientes. A diferença também é sentida no consumo de energia elétrica. Dependendo do tipo de telhado, capacidade de área, vegetação utilizada e do sombreamento, estima-se que, no andar de cobertura, a redução da carga térmica para o condicionador de ar seja de aproximadamente 240 kWh/m², proporcionado pela evapotranspiração.
No Brasil, embora a oferta específica de tecnologias tenha aumentado na última década, existem ainda poucas opções no mercado. “No Brasil, a solução precisa ainda ser popularizada. Creio que as prefeituras devam pensar em estratégias de incentivo”, diz Spangenberg. A busca pelas certificações LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), concedida para edifícios sustentáveis, deve aumentar expressivamente essa demanda. De olho nesse mercado, empresas especializadas oferecem coberturas verdes inteligentes e adequadas para diferentes tipos de lajes e estruturas.