Telhado bem cuidado começa lá no projeto bem-feito, mas passa também pelas melhores escolhas e manutenção correta.
Por Mariana Lemos Amaro
Nesta reportagem, você vai descobrir que um bom projeto de telhado previne muitas encrencas, descobrirá que partes compõem uma cobertura, lerá dicas para acertar na escolha da mão-de-obra, verá os principais tipos de telha, saberá o que é uma armação metálica, e como fazer a manutenção do telhado. Depois desse dossiê completo, escolha o tipo de telhado que você quer em nossa galeria de 21 fachadas com telhado em evidência.
Bom projeto previne encrenca
Preste atenção nessa etapa, pois alguns problemas costumam adiantar a necessidade de manutenção do telhado. O dimensionamento correto da estrutura assegura que ela suportará o peso da cobertura e não trará dores de cabeça como o envergamento ou a quebra de vigas, caibros ou ripas. Cada tipo de telha pede caimentos diferentes informados pelo fabricante. Errar nesse item causa acúmulo de chuva e provoca infiltrações. Em alguns casos, a saída está em revisar toda a estrutura. Outro cuidado é ver se não há incompatibilidade entre telhas. Apesar de existirem normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), Edo Callia conta que “é possível encontrar medidas diferentes nos modelospadrão oferecidos por alguns fabricantes ou achar disparidades nas peças do mesmo lote”. Para uma compra segura, vale escolher telhas certificadas por órgãos como o Centro Cerâmico do Brasil (CCB).
Por dentro da cobertura
1) Estrutura de madeira
Dimensionada por engenheiros, ela responde pela sustentação do telhado e é formada por tesouras, vigas, caibros e ripas. Como num quebra-cabeça, nenhuma peça pode estar mal encaixada. O maior inimigo do madeiramento é o cupim, capaz de corroê-lo caso o tipo usado não seja resistente ou não tenha sido tratado. É possível descupinizar só a área atacada, mas encomende esse serviço a uma empresa especializada. Dependendo do tamanho do problema, todo o esqueleto precisa ser refeito. A estrutura corre ainda outros riscos, como o de apodrecer em contato com a água ou embarrigar (acontece quando algumas peças foram dimensionadas ou instaladas incorretamente). Nesse caso, chame um engenheiro, pois a estrutura pode estar comprometida. Mas nem tudo está perdido. Em algumas situações o reforço parcial pode resolver. Por fim, lembre-se de envernizar a madeira aparente a cada três anos.
2) Subcobertura
Ela é feita de materiais como espuma ou fibras de polietileno, que protegem o telhado da umidade e servem de isolamento térmico. As mantas, com um ou dois lados cobertos por alumínio, quase nunca pedem manutenção. A DuPont dá cinco anos de garantia para a manta Tyvek e explica que sua durabilidade acompanha a vida útil do telhado. Já Eduardo Rizzoli, diretor de marketing da Atco Plásticos, conta que a Topfoil tem garantia permanente da fábrica.
3) Telhas cerâmicas
A parte mais visível da cobertura é a que mais sofre com as mudanças climáticas. Para remover as manchas de fungos e sujeiras, basta esfregar a superfície com escova de cerdas duras e água sanitária. Se ventanias e tempestades são comuns na sua região e destelham a cobertura de telhas cerâmicas, amarre-as com fios de cobre um bom telhadista faz isso. Na hora de impermeabilizar cada uma, use hidrofugantes para barrar a água sem formar película sobre as peças. Se houver necessidade de substituir telhas danificadas, lembre-se de comprar modelos do mesmo fabricante e do mesmo lote, preferencialmente. Pintá-lo é outro caminho para alterar a estética do telhado, mas antes avalie o custo/benefício, alerta o engenheiro Marcelo Niccolini.
Acerte na mão de obra
Somente profissionais especializados, como engenheiros e arquitetos, podem dar um parecer real sobre a situação do telhado. Por isso, não invente de subir no telhado ou chamar um carpinteiro. De acordo com o caso, seja ele simples ou complicado, o engenheiro poderá indicar o profissional mais qualificado para o trabalho. Quando não há grandes problemas na estrutura, o telhadista pode resolver. Por ser uma profissão de risco, alguns equipamentos precisam ser utilizados, em conformidade com a Norma Regulamentadora 18, do Ministério do Trabalho. Por exemplo, é obrigatório o uso de cabo-guia ou cabo de segurança para a fixação de talabarte (correia), acoplado ao cinto de segurança do tipo paraquedista. A NR18 não recomenda o trabalho em coberturas durante chuva ou ventos fortes. Antes de contratar um telhadista, pergunte se ele dispõe dos materiais de segurança e fique atento às normas, já que você também é, de certa forma, responsável por seu prestador de serviço. O preço da reforma depende da área do telhado, do tamanho do problema e varia conforme a região do país.
Tipos de telha
Além disso, esse modelo proporciona ótimo conforto térmico. Talvez por isso existam tantos produtos para a manutenção dessas telhas. As peças podem receber camada impermeabilizante, como o Metalalex Eco Resina Impermeabilizante (Sherwin-Williams) e a Resina Telha Cerâmica Acqua Incolor (Hydronorth), ambos recomendadas por Carlos Eduardo. Outras possibilidades são os hidrofugantes, disponíveis por empresas como a Tecnoceram e a Hidro-Sil. Se você preferir colorir as telhas de barro, há tintas específicas para esse serviço, oferecidas por Tintas Renner, Tintas Coral, Suvinil e Wanda.
As peças de concreto podem ser lavadas no próprio telhado com máquina de jato de água sob pressão. Se quiser variar, pinte as telhas com produtos específicos. Um exemplo é o Extravinil Acrílico (Tintas Renner).
Ter um telhado com trechos transparentes é perfeito para levar luz natural aos ambientes. Esse tipo de telha inibe naturalmente os fungos e é simples de manter. Mas a limpeza deve ser de duas a três vezes por ano, com água e sabão neutro, pois essas peças deixam a sujeira transparecer facilmente.
Em geral, a chuva cuida da limpeza dessas telhas. Se isso não acontece, retire a sujeira com jatos de água e detergente neutro. Você pode ainda colori-las com esmalte sintético (Lukscolor) ou esmalte Coralite (Tintas Coral), citados por Marcelo Niccolini.
Elas têm a mesma transparência dos modelos de vidro e vêm ganhando espaço por serem leves e pedirem menos madeira na estrutura. Podem ser feitas de policarbonato ou poliéster e fibra de vidro. Para mantê-las, basta lavar uma vez ao ano.
Armação metálica
A estrutura de ferro ou de aço, que combina apenas tesouras e terças, garante agilidade, pois chega montada à obra. Uma cobertura de 200 m², por exemplo, fica pronta em cerca de cinco dias. O vilão da estrutura de ferro é a solda malfeita, que deixa a porta aberta para a corrosão e a ferrugem, orienta Marcelo Niccolini. Estruturas aparentes devem, a cada cinco anos, passar por uma inspeção para ver se há pontos de corrosão. Em caso afirmativo, será preciso lixar as peças ou passar um jateamento abrasivo (com areia ou granalha de ferro), que limpa a superfície, removendo impurezas e oxidação. Por fim, vale aplicar uma camada de primer epóxi e pintar com tinta poliuretânica.
Manutenção do telhado
Fique atento ao encontrar pedaços de telhas no quintal ou identificar alguma goteira. Outros sinais de alerta são o destelhamento, o desalinhamento das peças e alguns trechos afetados por fungos. A reforma é ainda mais urgente se for possível enxergar o embarrigamento do telhado. Constatada a necessidade de manutenção, observe o calendário: os melhores meses são aqueles com pouca chuva. “No outono e no inverno, chove menos no Sul e no Sudeste”, exemplifica o engenheiro paulista Edo Callia, da Callia Estruturas de Madeira. Não tente pegar a escada e resolver a questão, pois isso é perigoso e deve ser solucionado apenas por profissionais equipados. Convém chamar um arquiteto ou um engenheiro para analisar a estrutura. “No caso de um pequeno destelhamento, um telhadista consegue consertar”, orienta o engenheiro Marcelo Fontoura Niccolini, de São Paulo. A estrutura, a subcobertura e as telhas compõem o elenco principal da cobertura, mas outros elementos com papéis coadjuvantes também precisam funcionar perfeitamente. É o caso das calhas, dos condutores e dos rufos. As calhas e condutores levam a água pluvial até o solo e precisam de manutenção periódica para que folhas e fuligem não entupam a passagem do líquido. “As calhas exigem limpeza ao menos uma vez por ano”, explica o engenheiro paulista Carlos Eduardo Barreto, da Engetelhas. Esse trabalho, feito com pá ou escova, deve ser realizado preferencialmente quando as folhas estiverem secas, facilitando a remoção. No caso de calhas metálicas (alumínio ou chapa galvanizada), é preciso procurar marcas de ferrugem. Se houver, está na hora de lixá-las e passar tinta esmalte. Nas peças de PVC, fique de olho em possíveis rachaduras. Tradicionalmente feito de metal, o rufo impede que haja infiltração da água da chuva nos encontros entre telhas e paredes ou chaminés. Se não for bem instalado, pode ter efeito contrário. Caso a cobertura costume ser visitada frequentemente, a exemplo de manutenção da antena de TV, o ideal é redobrar a atenção com os rufos. Isso porque a movimentação do telhado pode tirá-los do lugar. Hoje, quem precisa trocar essa peça conta também com uma versão flexível feita de manta impermeável que acompanha o desenho das telhas e impede frestas.